sábado, 25 de abril de 2009

Pessoal, estamos mudando de endereço

De agora em diante, o bloguinho mudará de casa. Iremos para o ...


Esperamos que nos acompanhem e blá, blá, blá. Recoloquei alguns dos últimos textos por lá com algumas poucas modificações e há um novo texto, novinho em folha por lá. Claro, além desse novos rabiscos virão e tudo mais. Porém, esse espaço ficará no pause por simples motivos técnicos e de cunho ligado às bobagens que passam na minha cabeça e de Carlinhos. Coisa nossa mesmo.

O importante é saber que o endereço mudou e que não pararemos de publicar.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Esvaziando a caixa

Palavras & Arranjos VII

Por culpa de uma das muitas teorias poundianas (inclusive, o Gabriel já escreveu sobre um dos livros do E.P.), tenho convivido com um poeminha que insiste em não sair da cabeça. Vem e vai com uma facilidade incrível. Por muitas vezes nesses dias, me pego recitando o troço - sei de cabeça apenas a primeira e a última estrofe. Ele me martela a cuca. Mas minha sorte reside na maestria do tal poema. Fora isso estaria perdido, seria como estar a mercê de um setanejão brabo, daqueles de cowboys contemporâneos, de gosto pra lá de duvidoso.

A teoria que falo se refere à necessidade básica, segundo Pound, da rima e do ritmo na poesia. Coisa nada fácil de alcançar num nível avançado, claro. Prova disso é o que está aqui embaixo: essa coisa linda me castiga - castigo dos mais prazerosos, esclareço -, me sufoca os pensamentos quando menos espero.

Eis agora a covardia jobiniana ao piano e os cabelos brancos do poetinha ao microfone. E digo: este é o momento em que esvazio a caixa pensante. Salve! Que me venham mais coisas desse nível ao pensamento.

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Eu sei, eu sei. Ouvi-los seria, digamos, perfeito. Youtube está aí para isso.



Mudando de assunto e ao mesmo tempo falando da mesmíssima coisa...
Tenho em mãos um livro de poemas de Fernando Pessoa. Será? Acho que sim. É, devo ter arrumado sarna para me coçar, eu sei. Coisas à cabeça, troços que invadem o pensamento, passeiam por lá até que esvaziemos a cuca a fim de arrumar espaço para mais troços e coisas relevantes para colocar em seu lugar. Sigamos a vida lendo. Eis a dica minha para os loucos que me lêem, o que já seria uma baita contradição. Vão ler o que vale a pena, ora bolas!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Valsa do olhar urbano

Enquanto uma linha cantava, eu lia uma página. Quando outra linha dançava, eu relia um parágrafo. Eu tocava o papel e imaginava. O vento empurrava uma página na outra. As linham se gostavam, se alinhavam. Eu olhava para o livro, evitava o vento, relia as linhas e as palavras, gostava. Eu não olhava para ninguém, somente para o livro.

Mas ia mudar...

Do meu lado, um homem de muletas entrava no vagão. Por pouco, não me derrubava. O homem andava e pedia. Um outro lhe dava às costas, outro lhe balançava a cabeça. Eu olhava para o livro e para o pedinte. O homem falava e pedia. Com o livro na mão, eu olhava e torcia para não ser notado. As palavras me chamavam. As muletas balançavam. As pessoas não olhavam. Eu evitava. Vagão a dentro, sem uma perna, o homem partia a pedir. Os olhos no livro, parei de olhar o homem.

Noutro vagão, noutro trem, um menino gritava fino a cada barulho agudo dos trilhos. A mãe lhe protegia os ouvidos com as mãos. Assustadas, as pessoas olhavam. Eu olhava para o livro e para o menino. Gritava fino e parava. Os ouvidos cobertos. As pessoas fitavam o menino que parecia mudo. Ele gritava, a mãe se encabulava. Indignadas, as pessoas olhavam. Eu olhava para o livro aberto e para o menino. Assustado, ele gritava. O trem parava e o menino falava: parecia mudo, mas não, falava agitado, enrolado. Ele resmungava. Eu não entendia. O trem andava. Os cachoalhões aumentavam: os gritos. As pessoas se assustavam. Eu olhava. O trem parava. Na estação, o menino e a mãe se perdiam. As pessoas olhavam. As páginas me chamavam. Andava: parei de olhar o livro, o menino e a mãe.

Do outro lado dos trilhos, um grupo fantasiado cantava. Com o livro fechado, eu olhava. As pessoas olhavam. O grupo batia palmas e cantava. Eu não olhava o livro, olhava a cantoria. Eu sorria e andava. Ao fundo, um homem sentado sorria. De lá, o grupo cantava, de cá, os degraus eu subia. Sorria. Degrau à frente, uma mãe e um menino conversavam e olhavam. Ela sorria. Eu nem mais olhava o livro, sorria. Lado a lado, mãe e filho se olhavam. O menino perguntava o que eles cantavam. A mãe cantarolava a música. O menino olhava para a mãe. Com o livro fechado e a mochila ao ombro, eu olhava para o menino. Ele continuava: olhava para a cantoria e para a mãe. Ela sorria, olhava para o menino e para o grupo que cantava. Degraus abaixo, eu sorria.

No outro lado do trilho, no barulho da estação, o canto e as palmas se perdiam. Eu olhava. Olhava para a mãe que cantava e sorria e olhava para o menino. Eu pensava. Pensava no homem que pedia e no menino que gritava. No alto da escada, livro fechado, as páginas me chamando, mochila às costas, eu olhando, pensando, parei. Deixei de sorrir. Andei, segui em frente, estação a dentro.

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Foto extraída daqui.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Carta de um exilado que acredita no futuro da nação

Meu pai recebeu um email do jornalista Cid Benjamim, irmão de César Benjamim, candidato à vice-presidência na chapa de Heloísa Helena nas últimas eleições. No email, uma carta de Bruno José Daniel Filho, irmão do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel, sequestrado, torturado e assassinado, em 2004, às vésperas da primeira vitória de Lula nas urnas - crime ainda não resolvido pela Justiça.

Bruno, hoje, mora em Paris devido às ameaças que sofreu e sofre depois do crime sofrido pelo irmão, há cinco anos.

"Hoje, 16 de abril, Celso Daniel, meu irmão, estaria completando 58 anos de vida. Como todos sabem, foi seqüestrado, torturado e assassinado há mais de sete anos quando era prefeito de Santo André e coordenava a elaboração do programa de governo do então candidato à presidência da república Luis Inácio Lula da Silva. Sérgio Gomes da Silva, que o acompanhava no momento do seqüestro, foi denunciado pelo Ministério Público como mandante desse crime. Foi preso por um pequeno período, mas responde em liberdade, após obter habeas corpus do Supremo Tribunal Federal, sob a alegação de que não representa perigo para a sociedade.

Apesar de todas as evidências colhidas pelo MP que mostraram que o crime foi planejado e que há pelo menos um mandante, o Poder Judiciário ainda sequer decidiu se o julgamento deve ir a júri popular porque, segundo informações que obtivemos do MP, a última das testemunhas arroladas pela defesa de « Sombra » (conforme Sérgio é chamado pela imprensa e era conhecido nos meios petistas) ainda não foi ouvida, pois nunca é encontrada. Parece-nos que expedientes como esse e tantos outros são usados para que as tramitações legais se alonguem no tempo, de modo a tornar mais difícil sua solução.

Inúmeros outros assassinatos que ganharam amplo espaço na imprensa já foram resolvidos ou a justiça já se posicionou quanto ao encaminhamento a ser dado. Como explicar que no « caso Isabella », de cinco anos, morta em 2008 ao cair do apartamento onde residia, seu pai e sua madrasta já tenham ido a júri popular e até hoje o processo de Celso segue sem essa decisão após mais de 7 anos ? Como explicar que o promotor Igor Ferreira, 3 anos após ter tirado a vida de sua esposa já tenha sido julgado e condenado e o caso de Celso segue ainda sem resposta da justiça ? Como explicar que no crime de que foi acusado o promotor Thales Ferri Schoedl a decisão final tenha sido tomada em menos de 4 anos e os indiciados pelo crime contra Celso ainda sequer tenham ido a júri popular ? Como explicar que o jornalista Pimenta Neves tenha sido condenado em primeira instância após 6 anos pela morte de sua namorada, a jornalista Sandra Gomide, e o assassinato de Celso ainda se encontra em fase de arguição de testemunhas pelo juiz?

Poderíamos citar outros crimes, mas esses já são exemplares para afirmar : há algo de estranho que impede que o julgamento dos responsáveis por seu seqüestro, tortura e assassinato não seja solucionado. Quais são as razões dessa morosidade ? Quais são as pessoas e instituições que têm interesse no sentido de que nada seja resolvido ?

Não cabe a mim julgar os indiciados, mas cabe a mim denunciar esta morosidade. Além disso tenho o direito de apontar problemas de procedimentos correntes na justiça brasileira. Por exemplo, procedimentos que impedem o juiz de tomar a decisão se o processo relativo ao assassinato de meu irmão, passados mais de 7 anos de sua morte, vai ou não a júri popular enquanto não for ouvida a última testemunha de defesa de Sérgio Gomes da Silva.

Que país é o nosso em que pessoas já condenadas em primeira instância podem ficar soltas até que todos os recursos nas demais instâncias sejam analisados enquanto nós, minha família e eu, tivemos que deixar o país em 2006 em função de intimidações, perseguições e ameaças que sofremos e depois de terem ocorrido oito mortes relacionadas à morte do Celso ? Se é justo que um julgamento tenha que chegar a seu fim para que haja punições, é justo que os procedimentos legais possam se alongar quase que indefinidamente ?

Para aqueles que esperam que eu me cale, apesar da condição de exílio que hoje vivo, outorgado pelo Estado francês, uma vida que tem um lado amargo porque fico distante de meu país e sou impedido de ver amigos e parentes, quero dizer que o presente que tenho a dar ao meu irmão em cada um de seus aniversários é e será a minha luta, mesmo à distãncia, pelo aperfeiçaomento das nossas instituições através de nossas reivindicações de punição aos culpados pela morte de Celso e de mudanças ligadas às causas que lhe deram origem.

Como aceitar que Donizeti Braga, que teria tido seu celular rastreado na região do cativeiro de meu irmão, tenha direito a foro especial no processo de investigação pelo único fato de ser deputado estadual ? Como aceitar que o « Sombra » responda em liberdade por decisão da mais importante instância do Judiciário brasileiro enquanto somos obrigados a viver exilados ? Como aceitar que a lentidão de recursos interpostos possam retardar durante anos e anos a punição de criminosos, agora que o STF decidiu que a prisão de um condenado só pode ocorrer quando julgados todos os recursos ?

Sabemos que contamos com a solidariedade e apoio de muitos que lutam e também desejam que o Brasil seja um país mais democrático e menos injusto. Que esta carta ajude neste sentido e contribua para que o caso seja equacionado o mais rápido possível.

Bruno José Daniel Filho
França, 16 de abril de 2009"

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A carta foi enviada ao Cid pela cunhada de Celso Daniel, Marilena Nakano. E a pedido dela, ele a repassou para seus conhecidos.


Palavras & Arranjos VI

* Qual música me veio à cabeça? A mesma que lhe ocorreu, certeza.


quarta-feira, 15 de abril de 2009

A relutância em admitir um ex-analfabeto literário na turminha intelectual

Texto de Carlos Simplício

Nunca fui erudito. Nunca fui culto. Nunca fui estudioso. Nunca fui um leitor assíduo. Nunca tive problemas de vista pelo excesso de leitura. Nunca tive pilhas e pilhas de livros na mesa. Nunca fui de ler até dormir. Nunca.

Já li, claro. Também já estudei, inevitável. Até acharia legal usar óculos. Mas não, nunca fui erudito. Porém, ei de mudar. Pretendo, pois, deixar o rótulo de analfabeto intelectual para trás. Mesmo não sendo culto desde sempre, quero novidades.

(É exatamente aí que começa o drama.)

"Ah, esse cara é petulante. Quem ele pensa que é? Começou a ler agora e acha que já é da nossa laia?" Comum ouvir isso, ou ver nos semblantes dos cultos perguntas como essas serem forjadas, por mais que raramente ditas. Há preconceito racial, de classe social, são muitos. Pois, sofro, sofri e vou continuar sofrendo com o preconceito contra ex-analfabetos litarários. Sofro com o desdém alheio. Nunca fui erudito, nunca fui culto nem estudioso. Mas por que não posso ansear por conhecimento no meio do caminho? Por que não me aceitam na turminha intelectual?

Essa coisa de reter o conhecimento parece mania de professor de matemática do colegial que despreza os que não sabem, se volta apenas para os que entendem previamente o que é dito. E os que não pescam de prima e querem entender, nem que lhes tome mais tempo, como ficam? Não ficam, simples. Ficam sem saber, desestimulados.

Nunca fui culto nem um leitor comedor de livros. Mas... posso mudar de ideia! E daí? Só por que não nasci com um livro na mão, não posso preferir tomá-los como amigos de infância?

"Nossa, ele leu Nietzsche com quatorze anos e esse outro menino de apenas doze verões já sabe a teoria de Marx há um ano!" Se eu ler e me interar no assunto aos vinte, sou um merdinha? Eles são mais fodas do que eu simplesmete por serem precoces? Não quero status de genial. Não sou gênio. Nunca fui erudito nem culto, genial então...

Não gosto, me incomoda saber que mudar de caminho - da ignorância à realidade - é difícil, não pelo ato em si, mas pela relutância daqueles pirracentos da turminha intelectual.

Enfim, esse ex-analfabeto literário pede: por favor, me aceitem! Antes que eu crie a minha própria gangue, me revolte, ateie fogo em colchões, faça barricadas nas bibliotecas e revolucione o mundo intelectual, fazendo com que todos reverenciem os livros e não quem os lêem.
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Foto extraída do blog Poesia Atual.


Palavras & Arranjos V

** Boa, Carlinhos! Depois desse pequenino tapa na face dos arrogantes quatro olhos, desçamos a "Ladeira" com a Orquestra Contemporânea de Olinda. Atenção ao sutaquinhu (aqui, leia-se com um pernambucanês bem acentuado) do camarada do vocal e também ao transe e às caras e bocas do percussionista - bem à frente do palco, o que não é comum. Ao vivo esse som é melhor ainda. Vi e gostei.



A saideira: "Canto da sereia". (Eles mandaram essa duas vezes no show que fui. Boa, muito boa.)



Dica para quem está em meio ao concreto: Studio SP. Nos próximos dois sábados, eles vão mandar ver por lá.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Botando a cabeça pra fora d´água, sentindo que há como ir além

Eis, agora, como me sinto em relação ao que me rodeia.

Texto de Carlos Simplício

A mesmice, aparentemente boa no momento em que lhe embriagueia, lhe adormece; claramente não tão boa quando lhe detém em face do novo; mas devastadora na maior parte dos outros momentos, vezes em que nada a sua volta parece bastar. Nada e tudo, o oito e o oitenta: a rotineira verdade e a real vida dentro dos livros e filmes ditos inteligentes: contrários que se percebidos assim, como opostos que são, podem, quem sabe, conviver, não de mãos dadas, mas sem, pelo menos, conflitar tamanhamente.

A tal realidade alheia à mesmice (a verdadeira ativação do cérebro) e a própria coisa rotineira (tudo o que se insere na indústria cultural), os ditos opostos, se separados, no sentido de não poderem viver juntos em mim, sufocam, enforcam, me privam do ar. Por que o que me rodeia não aconselha a leitura, por exemplo? Por que Big Brothers fajutos vem à tona sem mesmo me perguntarem se aquilo apenas me basta? Quero mais! Não posso? Mas levo, toco, empurro, manuseio a vida sem isso, sem o além.

Mas... horizontes parecem se revelar aos olhos. Mas... as teorias dos grandes pensadores/escritores/letristas/poetas/filósofos se abrem, se mostram por entre as páginas dos livros.

A cada dia que passa, mais eu concluo que ir além seria ótimo, que conhecer, entender, pensar, refletir sobre outras coisas seria aliviador, um respiro inteligente no meio dessa confusão.

Porém, parece que por motivos ainda desconhecidos por mim me desvirtuei, me aquietei, me afastei do meu próprio "problema". Ao longo do tempo, perdi as minhas questões, abandonei aquilo que sempre achava o certo ou o mais perto disso, por mais novo e imaturo que fui e ainda devo ser. Vejo o certo, nesse caso, como as coisas que, para mim, apenas eu me importava. Coisas abstratas, iniciadas apenas como "achismos", como "eu penso assim e nada mais importa". O certo, nessa época, era combater, resolver, lidar e principalmente entender o que me aflingia.

Nesse processo de abandono das minhas questões pessoais, das coisas do meu íntimo, acabei perdendo os estímulos que me faziam escrever.

(Pausa, suspiro, um copo d`água... mais um suspiro...)

Eis, então, o que realmente importa: há coisas que nos vêm à cabeça de um jeito vomitado, de um jeito apressado, sem necessariamente passar por um filtro do certo e errado. Coisas que têm a capacidade de fugir do comum, de não estarem aliadas, mancomudas à verdade geral. Coisas suas, que dizem respeito apenas ao seu foro. E digo, sem dúvidas, que essas não devem ser coisas ingnoráveis, postas de lado. Muito pelo contrário. Penso nessas coisas - vindas sem aviso prévio, bem de dentro, lotadas de sentimentos que nem sempre controlamos - como aquelas que merecem a nossa atenção.

Por isso, e para ajudar nesse entendimento próprio, para servir de mola propulsora, de arranque muscular para um início de uma série de injeções de doses inteligência no meio dessa vida cheia de mesmices, as grandes cabeças - não os burros cabeçudos, e sim os macucos das ideias legais, que inspiram, e norteiam - devem ser lidas, relidas e depois lidas de novo e de novo. Assim, podemos nos acostumar a realmente pensar. Quem sabe...

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[1] Em cima do que disse o Carlinhos, ratifiquemos: nas fotos, alguns exemplos de mentes que pensam e fogem da coisa como ela "é", refletem e tiram conclusões próprias e não engolem o que lhes é dito como "verdade". Na ordem: Theodor Adorno (filósofo), Charles Bukowski (escritor), Eric Hobsbawm (historiador), John Fante (escritor) e Ezra Pound (crítico).

[2] O site da Revista Brasileiros parece uma boa, uma muito boa. Vira e mexe, enfio o nariz por lá. Mais proveitoso que o ócio do dia-a-dia.

domingo, 12 de abril de 2009

Um book de apenas um pound

Palavras & Arranjos IV

Sapequei um livro das estantes da biblioteca da faculdade. Lembro bem da dica da mestra: "Para quem quer aprender a escrever há um livro obrigatório." E lá estava, quatro, cinco... todos se mostrando, como vira-latas num canil. Um do lado do outro, capa branca, letras vermelhas. Vários exemplares do Abc da Literatura me olhavam. E lá fui eu. Peguei um e trouxe para casa.

Viveremos uma semana juntos, eu e o Pound. Não o leio como um romance, consulto. Farei dele um manual durante sete dias. Desde os testes, exercícios, das indicações poéticas, tudo... Passarei os olhos apenas, não o lerei como um romance, consultarei.

É daqueles livros-anões que dizem muito. Denso e sedimentado. Eu e Pound travaremos batalhas a cada página. De que isso trata, afinal? O cara é louco? Esse Pound é bom mesmo. Livro obrigatório, sem dúvida. O título diz Abc da Literatura, coisa pouca não há de ser. Mas e essa coisa de dar testes, se dirigir tanto ao aluno como ao professor? De classificar os tipos de escritores, cheio de juízo de valor, de opiniões? Estranho, coisa de nariz empinado. Petulância de autor. Mas o Pound é bom, já dizia a mestrinha. Travaremos batalhas a cada linha.

As referências, as sedimentações, as indicações são profundas demais. Mas... e se não forem? E se forem rasas, superficiais simplesmente por estarem em um Abc disso ou daquilo, e não em um tratado filosófico/etico/retórico completo sobre algo? Nada disso, a profundidade é imensa. Opa, se é! E isso é o pior e o melhor dessa prosa toda: saber que Ezra Pound está a milhas de você e que, mesmo assim, posso travar batalhas com ele, página à página. Sorte a minha.

"Minha maior paixão"



O Mais Querido está mais uma vez perto de decidir a final do Carioca contra o Botafogo, basta ganhar a Taça Rio, no domingo. O último tri do Flamengo foi contra o Vasco, três anos seguidos: 1999, 2000 e 2001. Ano passado e em 2007, foi contra o Botafogo: bicampeonato para os rubro-negros. Será que os carinhas da Gávea pegam o tri de novo depois de três anos seguidos contra o mesmo rival?

Ao menos nesse fim de domingo, quem canta alegre no Rio de Janeiro é a torcida do Flamengo. A letra de Vamos, Flamengo é essa:

"Vamos, Flamengo
Vamos ser campeões
Vamos, Flamengo
Minha maior paixão
Vamos, Flamengo
E essa taça vamos conquistar"