terça-feira, 3 de junho de 2008

Complemento de luxo


Mais uma vez o Depois do Lance se coloca em seu lugar e deixa, com humildade, que os que sabem da coisa complementem o último post. Todas as discussões que se entenderam pela manhã, tarde e noite de ontem sobre o episódio de Recife ainda estão frescos na cabeça.

Deixemos que Fernando Calazans, colunista do O Globo, nos diga o que devemos saber:

"Pouca gente compreendeu o momento em que o futebol começou a deixar de ser um espetáculo, um esporte, algo construtivo e positivo - algo edificante, como deve ser o esporte - para virar uma guerra, que começou no campo, sim, no campo, e foi se estendendo para o estádio, para as torcidas organizadas ou não, para os arredores dos estádio, para as vias de acesso, para as praças, os bairros, até chegar a ser agora um caso literal de polícia, polícia mal preparada como aconteceu no Estádio dos Aflitos - e não é a última vez, nem lá nem em outros estádios.
(..)
As fisionomias e os rostos que a televisão nos mostra tão bem, tão fáceis de ver e ler. Não são fisionomias de quem está jogando com prazer, com gosto, com amor à sua profissão e à sua arte. A televisão nos mostra, a cada jogo, fisionomias de rancor, de ódio, nas reclamações contra os adversários, contra os juízes, nas simulações, nos gestos, nas atitudes, nas entradas violentas e desleais sobre um colega de profissão. Elas são a fisionomia que vimos em André Luiz, domingo, desde o início do jogo, e que não vemos só no André Luiz, mas em muitos andrés luízes espalhados por todo o Brasil..."

Dizer algo mais? Provavelmente não. Mas, ainda sim, o que devemos prestar atenção é no fato em si. Quando a polícia - não qualquer polícia, e sim a tropa de choque - entra em campo, preparada que estava para a guerra, municiada de cacetetes e escudos como se fosse enfrentar um bando de criminosos prestes a cometer uma grande barbárie, é porque algo está errado. A mensagem que se passa é justamente a que Calazans escreveu em sua coluna: "o futebol virou uma guerra anunciada, mais do que anunciada".

Detalhe importante: consta na súmula do jogo, escrita pelo árbrito Wilson Luiz Seneme, que a polícia não foi chamada para atuar na condução do jogador Andre Luis para fora do banco de reservas do Botafogo.


crédito da imagem: Futura Press


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