segunda-feira, 13 de abril de 2009

Botando a cabeça pra fora d´água, sentindo que há como ir além

Eis, agora, como me sinto em relação ao que me rodeia.

Texto de Carlos Simplício

A mesmice, aparentemente boa no momento em que lhe embriagueia, lhe adormece; claramente não tão boa quando lhe detém em face do novo; mas devastadora na maior parte dos outros momentos, vezes em que nada a sua volta parece bastar. Nada e tudo, o oito e o oitenta: a rotineira verdade e a real vida dentro dos livros e filmes ditos inteligentes: contrários que se percebidos assim, como opostos que são, podem, quem sabe, conviver, não de mãos dadas, mas sem, pelo menos, conflitar tamanhamente.

A tal realidade alheia à mesmice (a verdadeira ativação do cérebro) e a própria coisa rotineira (tudo o que se insere na indústria cultural), os ditos opostos, se separados, no sentido de não poderem viver juntos em mim, sufocam, enforcam, me privam do ar. Por que o que me rodeia não aconselha a leitura, por exemplo? Por que Big Brothers fajutos vem à tona sem mesmo me perguntarem se aquilo apenas me basta? Quero mais! Não posso? Mas levo, toco, empurro, manuseio a vida sem isso, sem o além.

Mas... horizontes parecem se revelar aos olhos. Mas... as teorias dos grandes pensadores/escritores/letristas/poetas/filósofos se abrem, se mostram por entre as páginas dos livros.

A cada dia que passa, mais eu concluo que ir além seria ótimo, que conhecer, entender, pensar, refletir sobre outras coisas seria aliviador, um respiro inteligente no meio dessa confusão.

Porém, parece que por motivos ainda desconhecidos por mim me desvirtuei, me aquietei, me afastei do meu próprio "problema". Ao longo do tempo, perdi as minhas questões, abandonei aquilo que sempre achava o certo ou o mais perto disso, por mais novo e imaturo que fui e ainda devo ser. Vejo o certo, nesse caso, como as coisas que, para mim, apenas eu me importava. Coisas abstratas, iniciadas apenas como "achismos", como "eu penso assim e nada mais importa". O certo, nessa época, era combater, resolver, lidar e principalmente entender o que me aflingia.

Nesse processo de abandono das minhas questões pessoais, das coisas do meu íntimo, acabei perdendo os estímulos que me faziam escrever.

(Pausa, suspiro, um copo d`água... mais um suspiro...)

Eis, então, o que realmente importa: há coisas que nos vêm à cabeça de um jeito vomitado, de um jeito apressado, sem necessariamente passar por um filtro do certo e errado. Coisas que têm a capacidade de fugir do comum, de não estarem aliadas, mancomudas à verdade geral. Coisas suas, que dizem respeito apenas ao seu foro. E digo, sem dúvidas, que essas não devem ser coisas ingnoráveis, postas de lado. Muito pelo contrário. Penso nessas coisas - vindas sem aviso prévio, bem de dentro, lotadas de sentimentos que nem sempre controlamos - como aquelas que merecem a nossa atenção.

Por isso, e para ajudar nesse entendimento próprio, para servir de mola propulsora, de arranque muscular para um início de uma série de injeções de doses inteligência no meio dessa vida cheia de mesmices, as grandes cabeças - não os burros cabeçudos, e sim os macucos das ideias legais, que inspiram, e norteiam - devem ser lidas, relidas e depois lidas de novo e de novo. Assim, podemos nos acostumar a realmente pensar. Quem sabe...

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[1] Em cima do que disse o Carlinhos, ratifiquemos: nas fotos, alguns exemplos de mentes que pensam e fogem da coisa como ela "é", refletem e tiram conclusões próprias e não engolem o que lhes é dito como "verdade". Na ordem: Theodor Adorno (filósofo), Charles Bukowski (escritor), Eric Hobsbawm (historiador), John Fante (escritor) e Ezra Pound (crítico).

[2] O site da Revista Brasileiros parece uma boa, uma muito boa. Vira e mexe, enfio o nariz por lá. Mais proveitoso que o ócio do dia-a-dia.

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