sexta-feira, 10 de abril de 2009

EleFante, pesado e leve como uma pluma de chumbo

Você que nunca leu, olhou, viu, passou a mão, sentiu o papel, a textura, o cheiro de Pergunte ao Pó se sinta um menininho sem um ovo de chocolate na Páscoa, sem uma barrinha de Choquito que seja. É como brincar de bola sem a bola, como saber nadar sem ter mar por perto, como uma mocinha de vestido novo sem festa para ir, é como saber ler sem ter palavra alguma pra ler.

Pois, Joãozinho tem o ovo de chocolate e uma caixa cheia de Choquitos a oferecer. Opa, se tem! São duzentos e quatro pedaços de papel cheios de linhas, frases, palavras que vêm como puro cacau com amendoim para encher o estômago.

O chocolate dessa Páscoa, para quem quer um docinho de qualidade, coisa boa, tem mesmo é que pegar um livro, seja os mais fininhos ou os grandões intermináveis. Mas a dica desse bloguinho é a caixa de Choquito, chocolatinho dos mais saborosos, que o moço João deixou para nós. Língua sem papas a dele. Opa, se é! E a orelha (e prefácio) feita pelo Charles, creiam, coisa boa.

Pergunte ao Pó é daqueles livros fáceis de ler mas ainda assim densos. Por vezes, têm que se voltar ao ínicio da frase pra entender o seu sentido ou até mesmo reler uma página inteira. Joãozinho escrevia fácil. Muito bom o moço do Choquito. As linhas fluem. Arturo Bandini, o personagem principal do livro, é precisamente posto página à página, palavra à palavra, nu e entregue bem à vista de quem quiser ler, principalmente os chocólatras, amantes de doces que são.

Ah, essa Páscoa! Adoçada pela história californiana de um aspirante a escritor de descendência italiana vindo de Nebraska. E que tomem cuidado e saiam da frente: enfio o nariz na historinha de João e saio pelas ruas, suando, tomando vento no rosto, com o barulho dos trilhos do metrô, nem ligo, fera. Estou lendo e andando (!) esses dias, não quero nem saber.

Em tempo: seja em casa ou na redação, chocolate não falta. Não que me encha os olhos mas mesmo assim não ligo... lendo, andando, comendo, tanto faz. Não sei mais nada. Ah, quer saber, pergunte ao pó, ora bolas!


Palavras & Arranjos II

** Pergunte ao Pó, do americano John Fante, publicado pela editora José Olympo. Há até um filme sobre o livro. Por ora, claro, preferi o livro à película.









** Fugindo um pouco dessa americanização, por mais que sadia nesse caso, ouçamos um sambinha, coisa bem nossa. Eis, Cristina Buarque, em parceria com o Terreiro Grande, cantando "Já chegou quem faltava" de Nilson Gonçalves.


Os quatro blocos de música do cd "Cristina Buarque e Terreiro Grande - ao vivo" são uma boa pedida, principalmente o segundo, com vinte e oito minutos de samba.

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