Por culpa de uma das muitas teorias poundianas (inclusive, o Gabriel já escreveu sobre um dos livros do E.P.), tenho convivido com um poeminha que insiste em não sair da cabeça. Vem e vai com uma facilidade incrível. Por muitas vezes nesses dias, me pego recitando o troço - sei de cabeça apenas a primeira e a última estrofe. Ele me martela a cuca. Mas minha sorte reside na maestria do tal poema. Fora isso estaria perdido, seria como estar a mercê de um setanejão brabo, daqueles de cowboys contemporâneos, de gosto pra lá de duvidoso.
A teoria que falo se refere à necessidade básica, segundo Pound, da rima e do ritmo na poesia. Coisa nada fácil de alcançar num nível avançado, claro. Prova disso é o que está aqui embaixo: essa coisa linda me castiga - castigo dos mais prazerosos, esclareço -, me sufoca os pensamentos quando menos espero.
Eis agora a covardia jobiniana ao piano e os cabelos brancos do poetinha ao microfone. E digo: este é o momento em que esvazio a caixa pensante. Salve! Que me venham mais coisas desse nível ao pensamento.
Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Eu sei, eu sei. Ouvi-los seria, digamos, perfeito. Youtube está aí para isso.De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Mudando de assunto e ao mesmo tempo falando da mesmíssima coisa...

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